Quinta Feira
26ª SEMANA DO TEMPO COMUM
Jó.19,21-27
“Piedade, tende piedade de mim ao menos vós, meus amigos”. Assim se dirige Jó a seus três interlocutores vindos de longe para consolá-lo.
26ª SEMANA DO TEMPO COMUM
Jó.19,21-27
“Piedade, tende piedade de mim ao menos vós, meus amigos”. Assim se dirige Jó a seus três interlocutores vindos de longe para consolá-lo.
Segredava-me
tempos atrás um velho Sacerdote que procurava tratar sempre bem os Seminaristas
pelos quais era responsável: “Um dia
ficarei velho e estarei nas mãos destes que agora estou formando; terei então
que lhes dizer: piedade de mim ao menos vós, meus amigos”. Um conselho
prudente que me dava naquela ocasião.
O texto
continua e Jó, com toda sua Confiança em Deus, afirma: “eu sei que meu Redentor é vivo, eu sei que no último dia me reerguerei
do pó e verei a Deus com meus olhos, diretamente e não de maneira indireta”.
Esta é a Esperança que se aninha no Coração de Jó. No auge de seus tormentos,
os amigos - é interessante notar para quem lê este livro com atenção - não o
consolam, pelo contrário, tentam defender Deus, tentam ser os defensores de uma
velha teodiceia, querem defender Deus de maneira indefensável.
Esta é a
visão antiga que se tinha de Deus e que agora se revela totalmente insuficiente,
ou totalmente superada: por ser absolutamente justo, Deus não permite que Seus
fiéis sofram neste mundo, Ele lhes concede bens materiais, saúde, longos anos e
Família numerosa. Não se tinha naquela ocasião uma visão ou uma certeza do
além, do após a morte, e da mesma maneira como premia os justos, seus fiéis e
amigos, Deus castiga neste mundo os réprobos, os maus, que não têm Vida longa,
não constituem Família numerosa e vão de mal a pior até terminar prematuramente
seus dias.
Esta
visão estava superada. Jó tem Consciência de ser inocente, ao mesmo tempo em
que sofre os duros golpes do destino; não é um pecador, insurge-se contra estes
amigos, falsos defensores de Deus e exige um ajuste de contas com o próprio
Deus: que Deus me pese numa balança que não esteja alterada e verá que o meu
peso é justo.
Deus não
recrimina Jó; é interessante notar isto, Deus, no final do livro, vai
recriminar os aparentes defensores da velha tese. O autor do livro de Jó, sem
chegar a desvendar o mistério do sofrimento, mostra-nos, no entanto, que Ele é
universal, que atinge bons e maus e que não é, necessariamente, castigo de Deus
para quem quer que seja.(*)
c/f Padre Fernando C.Cardoso
c/f Padre Fernando C.Cardoso