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quarta-feira, 31 de março de 2010

NÃO FAZEMOS NÓS PIOR DO QUE JUDAS?


Quarta Feira
Semana santa
Mt.26,14-25

Nesta quarta-feira da Semana Santa, coloca-nos a Liturgia frente a frente com o traidor de Jesuscom aquele que resolveu entregá-Lo. Sobre esta figura sinistra debruçaram-se no passado - e se debruçam no presente - pintores, escultores, dramaturgos, teatrólogos e literatos de todos os tempos. Que terá levado Judas a tomar tal decisão com relação a Jesus? Teria ele recebido alguma censura da parte de Jesus? Teria ele se desencantado com Jesus? Estaria Judas frustrado com relação aos planos de plenitude que Jesus tomava?
             Bem, todas estas perguntas - e tantas outras mais - podemos levantar e nunca encontraremos a resposta.  Outros fariam, quem sabe, outro tipo de perguntas: onde se encontra Judas neste exato momento? Há quem afirme que Judas tenha se salvado, muitos outros dizem que se condenou. Lucas, laconicamente, nos Atos dos Apóstolos, escreve a seus leitores que, tendo abandonado o seu posto, ele se dirigiu para o seu lugar. Qual exatamente o lugar de Judas neste momento nunca saberemos.
              No entanto, lendo este Evangelho, não condenemos simplesmente Judas, porque seu gesto - camuflado de mil maneiras e por vezes até mesmo acentuado - pode ser repetido por cada um de nós. Judas - com toda segurança - não tinha de Jesus a concepção cristológica e teológica que nós temos hoje - tendo atrás de nós dois mil anos de pensamento cristão e estudos teológicos. Judas não conhecia nada disto; Judas não sabia exatamente quem ele estava para entregar: o Senhor do céu e da terra.
               Nós sabemos que Ele, Jesus, é verdadeiro Deus e verdadeiro homem e, superiores a Judas com toda esta ciência, não terá acontecido que muitos de nós nos tenhamos comportado semelhante a ele em nossas vidas? Quantas vezes entregamos Jesus? Quantas vezes O vendemos? Quantas vezes preferimos o nosso prazer, o nosso sucesso a Jesus? Quantas vezes O relegamos, e O apartamos dos nossos olhos? Em todas estas vezes imitamos Judas - apesar de termos uma consciência muito mais elaborada do que a sua.
                Nesta quarta-feira da Semana Santa, gostaríamos de suplicar a Cristo o perdão pelas injúrias e ofensas que nós Lhe infligimos durante nossa vida passada e, quem sabe, infligimos ainda no presente.   (*)

 c / f Padre Fernando C. Cardoso

terça-feira, 30 de março de 2010

DEUS NOS PREPARA UM DIA ETERNO TOTALMENTE FELIZ


Terça Feira
Sena Santa
Is.49,1-6
Jo.13,21-33.36-38

Na primeira leitura temos o Servo misterioso de Deus, que antecipa profeticamente Jesus. Lamenta-se ele, num primeiro momento, pelo fato de ter trabalhado inutilmente, e de inutilmente ter despendido tanta energia sem um resultado proporcional. No entanto, é apenas num primeiro momento, porque, na seqüência do texto, este Servo reafirma a sua confiança em Deus e a sua confiança no futuro também.

No Evangelho assistimos ao mesmo movimento: Jesus se perturba interiormente e deixa transparecer algo da angústia que invade o Seu coração ao convidar Judas a realizar com rapidez o que ele tinha a peito: executar, sem demora, a decisão que havia tomado. No entanto, após a saída de Judas da Sala da última Ceia - e depois de ter ele, literalmente, mergulhado na escuridão da noite - Jesus diz aos Seus discípulos: “Agora será glorificado o Filho do Homem, e Deus será glorificado Nele. E Deus O glorificará muito em breve também.” É este o itinerário de Jesus e é este também o itinerário da Vida cristã.

Existem momentos na existência em que, chocados, sombrios, quase derrotados, não conseguimos sequer contemplar a Aurora do Dia seguinte; no entanto, estes momentos - para quem tem fé - são momentos extremamente fecundos, porque exatamente nestes dias sombrios, nestas horas angustiantes, Deus - a modo Seu e misteriosamente para nós – prepara-nos uma aurora radiante e totalmente desproporcional ao que nós sofremos.

Isto se passou com Jesus em Sua Paixão, transformada em Ressurreição - este parece ser o itinerário que Deus traça para qualquer Cristão. Depois das noites escuras vividas na Perseverança, na Paciência e, sobretudo, na consolidação das virtudes, Deus nos faz experimentar a luminosidade e o clarão da beleza da nossa Fé.   (*)

c / f Padre Fernando C. Cardoso

segunda-feira, 29 de março de 2010

SEJAMOS GENEROSOS PARA COM JESUS.



Segunda Feira
SEMANA SANTA
                                                                            Jo.12,1-11
O texto evangélico de hoje é comovente: seis dias antes da Páscoa, Jesus visita Seus amigos de Betânia. Maria realiza um gesto todo feminino e ao mesmo tempo amoroso para com Jesus. Unge-Lhe os pés, e vem dito que, sem saber, ela antecipa a Unção do Corpo de Jesus para Sua sepultura. Nós não temos mais que ungir os pés de Jesus, pois Ele Se encontra, Ressuscitado, à direita de Deus.

No entanto, como Maria no passado, nós gostaríamos de ser - especialmente nesta semana - generosos para com o Senhor, através da Oração silenciosa e prolongada. O próprio Deus inspira em nossos Corações um gesto de amor, de delicadeza, um gesto qualquer que nos aproxime de Cristo e Lhe mostre a nossa gratidão.

É possível que este gesto seja uma bela Confissão, para que sua Paixão dolorosíssima não seja inútil para alguns de nós. É possível que este gesto consista em uma Meditação mais intensa e prolongada de Sua Paixão, ou que se traduza numa Penitência que nos impomos a nós mesmos por Amor.

É possível ainda que este gesto seja um ato de Caridade para com algum irmão menor de Jesus, lembrados daquilo que Ele nos disse: “O que fizerdes ao menor dos Meus irmãos, a Mim o tereis feito”. De qualquer maneira, um pequeno gesto que demonstre a nossa generosidade, que traduza em ação a gratidão que invade o nosso Coração por termos sido, através de Sua Paixão dolorosa, reconciliados com Deus.

Que nós possamos caminhar com Fé e Esperança em direção a uma Vida que nos ultrapassa por completo: a imortalidade ou vida eterna - sempre graças ao fato de ter sido Ele, literalmente, nesta semana, triturado por nosso Amor.

Este é um texto evangélico que vale a pena ser lido e meditado. Imitemos Maria, mas, atenção: não imitemos aquele que, a pretexto de ajudar os pobres, queria vender tudo, e que demonstrou para com Jesus apenas mesquinhez e incompreensão: Judas Iscariotes.   (*)

c /f Padre Fernando C. Cardoso

sábado, 27 de março de 2010

REUNIR OS FILHOS DE DEUS, DISPERSOS.



DOMINGO DE RAMOS
2010
JESUS DESEJA ENTRAR EM NOSSAS CIDADES
 E EM  NOSSOS CORAÇÕES.

                                                                             Lc.23,1-49
Entramos hoje na Semana Santa e celebramos o Domingo de Ramos. Jesus entrou em Jerusalém no passado, e hoje deseja entrar nas nossas grandes Cidades, nossas megalópolis, na polis que hoje se abre para Ele, e também nos pequenos centros urbanos. Jerusalém, lamentavelmente, não soube acolher Aquele que poderia trazer-lhe a paz.

Nós gostaríamos de acolher nas nossas Cidades brasileiras Aquele que – e somente Ele - pode conciliar-nos com Deus e trazer-nos a Serenidade e a Paz. De quanta Paz e Serenidade necessitam não só as nossas grandes Cidades, mas também as pequenas. Quantos aglomerados, quanta multidão, quanta insegurança, quanto desnível, quanta prepotência, quanta corrupção!

Para muitos a vida numa grande Cidade se tornou totalmente inviável - já não existe aquela segurança que nos serena os Ânimos e o Coração. Vivemos agitados, preocupados e inseguros da manhã à noite. É possível que os homens tenham se tornado animais ferozes?

Jesus é a única Pessoa que pode e deseja entrar hoje em cada uma de nossas Cidades, trazendo-nos a paz. Jerusalém não soube acolhê-Lo, e correu com rapidez para o seu destino catastrófico final. “Ah! se conhecesses Aquele que te pode trazer a paz! Mas estas coisas estão escondidas aos teus olhos”.

Não aconteça com nenhuma de nossas Cidades o que aconteceu com Jerusalém. É verdade, são pouco importantes as nossas pequenas procissões de Ramos que se multiplicam hoje pelos centros urbanos, mas saibam - pelo menos os Cristãos, não apenas individualmente, mas como cidadãos responsáveis de uma Cidade ou de um Estado – que aquele que reina através dos Corações pode trazer a todos a Sua Paz.

Hoje cada um ore por sua própria Polis, cada um reze por própria Cidade, e suplique a presença de Cristo, para que o que há de cruel e desumano em cada uma delas ceda lugar ao que é Solidário, Misericordioso e cheio de Amor.(*)
c / f Padre Fernando C.Cardoso







sexta-feira, 26 de março de 2010

JESUS BATE À NOSSA PORTA E NOS ESPERA, COM PACIÊNCIA.



Sexta Feira
5ª Semana da Quaresma
                                                                          Jo.10,31-42
O Evangelho de São João - que normalmente se proclama neste final de Quaresma e durante todo Tempo Pascal - passou por sucessivas redações. Primitivamente, este Evangelho devia saltar do final do capitulo décimo ao capitulo treze; com outras palavras: os capítulos onze e doze foram acrescentados a ele mais tarde, numa redação segunda ou terceira.
          Quem lê o final do capítulo décimo - sabendo disto - e dele salta imediatamente para o capítulo treze - observando e obedecendo à primitiva redação - percebe que neste final de capítulo - e é o que a Igreja hoje nos mostra - Jesus Cristo, depois de uma discussão cerrada com a oposição, se retira. Retira-se e não mais aparecerá em público. A próxima vez em que Ele aparecer em público será quando, flagelado e coroado de espinhos, Pilatos o mostrará à multidão com as famosas palavras: “Eis o  Homem”, e todos gritarão: “Fora com Ele, crucifica-O”.

 O texto evangélico que nos fala da última aparição pública de Jesus - ao menos na leitura primitiva deste Evangelho - traz-nos a sua lição. A graça de Deus persegue-nos durante toda a nossa vida. Jesus é aquele que, perseverante, bate à nossa porta constantemente.
         Por quantos anos terá Ele batido em vão às portas do meu Coração? Quanto tempo eu levei num inverno absoluto, gelado, com relação a Deus? É possível que por ocasião de uma Quaresma - e nossa vida não deixa de ser uma quaresma - a graça de Deus vença este gelo todo.
            Mas existe um limite para tudo, e nosso limite último é o final da nossa existência. Sabemos que naquele derradeiro dia terminará para nós o tempo do merecimento e o tempo de nossa grande opção a favor de Deus ou contra Ele.
            Há um tempo em que o Senhor não se cansa de bater à nossa porta e espera com paciência infinita uma resposta que muitas vezes não vem ou é postergada,(= adiada ) mas este tempo conhecerá um fim, como diz o apóstolo: cada um colherá então aquilo que tiver semeado. Existem os que semeiam na carne e os que semeiam no Espírito.

Tomemos cuidado para não zombarmos de Deus, ou não pensarmos que a sua misericórdia é infinita. Sobretudo não especulemos sobre ela.    (*)

quinta-feira, 25 de março de 2010

ANUNCIAÇÃO DO SENHOR



25 de Março
                                                                            Lc.1,26-38
A exatos nove meses antes do Natal, celebramos hoje a solenidade da Anunciação do anjo à Virgem Maria e a Encarnação do Verbo. Com o evangelista nós podemos dizer: “o verbo se fez carne e veio habitar entre nós”.

A Virgem ofereceu-se inteiramente a Deus, e nós queremos, no dia de hoje, agradecer-lhe imensamente o seu sim. Nós nunca seremos suficientemente gratos àquela que hoje se autodenominou a Serva do Senhor. É evidente que Deus não realizaria o seu plano de salvação do gênero humano sem o consentimento de alguém, no caso sem o consentimento de Nossa Senhora.
         Dias atrás celebramos e comemoramos o consentimento de São José, hoje, o Consentimento da Virgem. Ela não conhecia o futuro. Deus não lhe revelou com pormenores o que aconteceria com aquele filho que ela concebia no próprio seio pela ação do Espírito Santo.
       O futuro lhe era tão impreciso e incerto como para nós. Ela também teve que viver mergulhada na Fé. Ela teve também que ser Virgem fiel. Viveu certamente momentos decisivos e cheios de alegria - como estes mistérios gozosos que nós acostumamos celebrar na recitação do nosso terço. Porém, ela também foi chamada por Deus a viver com intensidade e a aplicar o seu sim a situações as mais adversas de Jesus - sobretudo a sua Paixão, Morte e Ressurreição. Deus, hoje, lhe pediu inicialmente um sim, pediu que ela Lhe abrisse as portas do Corpo e do Coração, sem lhe revelar exatamente o futuro.
          A nós também Deus pede a mesma disponibilidade que pediu a Nossa Senhora. Deus pede que também nós repitamos a Ele com o fervor da Virgem: eis o servo, eis o escravo, eis a escrava do Senhor faça-se em mim - que Ele faça em mim - o que for do Seu agrado, e não faremos esta Oração de maneira designada, como se Deus pudesse querer algo de ruim ou prejudicial para nós.
            Deus quer para nós o Sumo Bem, o melhor de todos os bens, mas, às vezes, leva-nos a este alcance por caminhos que são não só desconhecidos, mas também desconcertantes. É preciso que o nosso sim seja radical e que o nossa confiança em Suas mãos seja absoluta e sem retorno.

No final nós saborearemos e saberemos o quão bom  terá sido conosco ao longo da nossa Vida o nosso Deus.   (*)

c / f Padre Fernando C. Cardoso

quarta-feira, 24 de março de 2010

O PECADO É PIOR QUE TODAS AS DROGAS.



Quarta Feira
5ª Semana da Quaresma
                                                                              Jo.8,31-42

Todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. Escravidão é uma palavra que nós não usamos com frequência, e dizemos que o tempo da escravatura no Brasil já terminou há mais de um século. Mas é verdade que num momento de democracia e do reinado de todas as liberdades e direitos humanos somos verdadeiramente livres?

Quando eu noto, por exemplo, um jovem com seus dezoito ou dezenove anos com um cigarro na boca, tenho dó e compaixão. Se aquele rapaz soubesse o mal que está fazendo a si próprio, se soubesse que está se tornando dependente do fumo, e o que lhe pode acontecer no futuro - e isto não é abstrato, é real e comprovado pela ciência - ele pensaria dez vezes antes de adquirir aquele vício.

O pecado é muito pior do que o cigarro, e certos vícios pecaminosos destroem completamente o ser humano até mesmo nesta vida. Pensemos em uma pessoa dependente da droga - que futuro possui esta pessoa? Pensemos em uma pessoa complemente dependente do álcool e incapaz de se libertar dele - que futuro esta pessoa terá já neste mundo?

Pois bem, estes três exemplos servem para que façamos uma analogia com o pecado que, quando entra em nós, e se torna ele também um vicio, destrói completamente o nosso ser.

É claro que o álcool em demasia é um pecado e que, objetivamente falando, o narcotráfico é um dos maiores crimes da humanidade. Todo pecado cometido - sobretudo quando passa a ser um vício, e quando leva a pessoa a depender dele para sobreviver - é um verdadeiro mal que quebra em mil pedaços e, muitas vezes, destrói a própria existência.

Então nós podemos ler este texto de João com maior atenção e cuidado: “Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres”. Mas nós permitimos que Jesus exerça  sua função libertadora em nossos corações?   (*)
c / f Padre Fernando C. Cardoso

terça-feira, 23 de março de 2010

RECEBE O PERDÃO QUEM, ARREPENDIDO, CONTEMPLA JESUS CRUCIFICADO



Terça Feira
5ª Semana da Quaresma
                                                                              Nm.21,4-9

A primeira leitura tirada do Livro dos Números traz-nos um fato curioso. Diz o texto que, certa vez, Moisés construiu uma serpente de bronze e a levantou no deserto, para que aqueles que murmurassem contra Deus e fossem picados por serpentes, contemplando aquela serpente de bronze, não viessem a perecer.

O texto parece estar envolvido em lendas. É possível que tenha havido no Templo de Jerusalém algum estandarte semelhante a uma serpente de bronze e, a partir de então, se terá construído esta história que se encontra no Livro dos Números.

No entanto, Jesus se aproveita deste texto - sem se importar se de fato aconteceu historicamente ou não - para mostrar certas analogias entre aquela serpente içada (=levantada ) numa haste e seu próprio fim. Da mesma maneira como Moisés levantou a serpente no deserto, é preciso que o Filho do Homem seja levantado. E da mesma maneira que aqueles pecadores que murmuraram contra Deus para que não viessem a perecer deviam contemplar a serpente erguida por Moisés, assim também nós pobres pecadores - envenenados e picados constantemente pela velha serpente que a Sagrada Escritura chama Diabo e Satanás - olhando para o Cristo Crucificado com Fé, não viremos a sofrer a condenação eterna.

É exatamente esta contemplação de Jesus Cristo levantado - que dentro em breve na Semana Santa queremos contemplar - que o evangelho antecipa na nossa Meditação de hoje.

Sim, nenhum de nós esteve livre de picadas venenosas e fatais; basta um fechar de olhos para que a recordação nos mostre todas as vezes em que conscientemente ofendemos a Deus e fomos, de certa maneira, objeto de condenação - ou, pelo menos, a merecer.

Deus nos conceda a todos neste final de Quaresma e na próxima Semana Santa a grande Graça de contemplarmos Jesus levantado, e aqueles que souberem olhar para Ele com olhar de Arrependimento e de Conversão, estes receberão Dele a Absolvição e o Perdão.   (*)

c / f Padre Fernando C. Cardoso

segunda-feira, 22 de março de 2010

JESUS , LUZ QUE ORIENTA E SALVA A NOSSA VIDA



Segunda Feira
5ª Semana da Quaresma
                                                                            Jo.8,12-20
“Eu sou - diz Jesus - a luz do mundo. Quem me segue não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida”.

Luz, como também água e ar, são realidades primeiras. Sem este tripé, não haveria nenhum tipo de Vida neste Planeta. No entanto, estamos tão habituados a ver a luz, estamos tão acostumados a enxergar através da luz, que não percebemos sua importância decisiva em nossa existência.

Talvez fosse necessário que algum de nós fosse privado temporariamente da luz - e isto pode acontecer com pessoas que possuem certas doenças dos olhos - para que se desse valor ao que nunca se imaginou fosse de capital importância na própria existência. A luz física - seja ela a luz do sol ou a luz de uma lâmpada - nos dá o sentido dos objetos e as respectivas distâncias, não permite que nós caminhemos desordenadamente e não permite que nós tropecemos ou caiamos.

Estas luzes deste mundo se tornaram, na Palavra de Deus, o símbolo de outra iluminação. Jesus quer ser no nível superior da Fé, no nível sobrenatural - eu diria no nível metafísico, isto é no nível para além da física - o que é a luz neste mundo para nós. Ele deseja ser a orientação dos nossos passos existenciais; Ele deseja ser a meta a que nós aspiramos e para a qual conscientemente nos encaminhamos.

Ele não deseja que naquele nível metafísico nós sejamos pessoas totalmente desorientadas, descontroladas, caminhando sempre de confusão em confusão. Como é triste contemplar pessoas assim. Como é triste ver pessoas que constroem com celeridade e rapidez a sua própria ruína. Jesus não deseja isto para nenhum de nós.

Existem pessoas que sabem caminhar neste mundo sem perder de vista o que é eterno, o que vai além, o que não podemos imediatamente captar com a Luz que impressiona os nossos olhos. Deixemo-nos conduzir por Jesus e, sobretudo, fujamos de qualquer desorientação existencial na vida espiritual e cristã. Não é preciso fazer certas experiências para depois percebermos que elas podem ser fatais. Confiemos na Palavra de Deus e sigamo-Lo.  (*)

c / f  Padre Fernando C. Cardoso

domingo, 21 de março de 2010

Vai em Paz, Eu também não te condeno. Podes ir , e de agora em diante não peques mais.



Neste quinto domingo da Quaresma a Igreja nos faz saborear um texto que se encontra atualmente no capítulo oitavo de João, mas que deve ter uma origem diversa e bastante controvertida. Uma adúltera é conduzida à presença de Jesus para que Ele pronuncie a sentença definitiva.
Aqueles  guardiães da religião - oficiais de Israel, fariseus e escribas - não toleravam que Jesus comesse e bebesse em casa de pecadores. Não aceitavam que Jesus se intitulasse médico que veio para os que estão doentes, não para os que estão com saúde. Não podiam aceitar que Jesus se deixasse rodear por pecadores públicos, e que até mesmo afirmasse, certa vez, que prostitutas e publicanos os iriam preceder no Reino dos Céus. Ei-los, que trazem a Jesus uma pobre adúltera, surpreendida em flagrante adultério
O posicionamento destes com relação à lei é formalmente correto, porém, dentro do Coração, carregam ódio e não perdem uma oportunidade para tentarem Jesus, isto é, desejam jogar Jesus contra a própria Lei de Deus. Desejam jogar Jesus contra a Vontade do Pai.              Nós somos hábeis em esconder nossos próprios pecados e, muitas vezes, nos apressamos em condenar pobres pecadores que se vêem obrigados a demonstrar publicamente os seus erros, deixando de levar em consideração que eles, obrigados a mostrar sua culpabilidade, nada mais são do que a ponta de um “iceberg”. Eles representam todos nós, porque somos todos pobres pecadores, privados por natureza da Graça de Deus, e somos - ou queremos ser - objetos de Seu Perdão e de Sua Misericórdia.              Jesus não foi naquele momento contrário à Lei de Deus. A Lei deve ser observada; no entanto, quando a Lei é quebrada, resta lugar apenas para a Misericórdia. Jesus nunca confundiu o pecador com o pecado. Nunca foi conivente com nenhum pecador no ato em que pecava. No entanto, misericordiosamente, era capaz de distinguir entre um pobre miserável pecador que busca ou pede a Misericórdia a Deus, e o pecado que deve ser condenado e afastado.               “Mulher, ninguém te condenou, Eu também não te condeno. Vai, e não peques mais”. Santo Agostinho teve uma intuição belíssima ao dizer que no final desta cena ficaram apenas dois: a Miserável e a Misericórdia.   (*)
c /f  Padre Fernando C. Cardoso

sábado, 20 de março de 2010

CONHECER JESUS PELA ORAÇÃO E MEDITAÇÃO.



4ª Semana da Quaresma
Sábado
                                              Jer.11,18-20
                                                    Jo.7,40-53


Na primeira leitura o profeta Jeremias depois de receber informações alarmantes da parte de seus opositores que desejam estripá-lo da terra, assim se dirige a Deus: “Senhor dos desertos, justo juiz, Tu que perscrutas o Coração e a Mente, possa eu contemplar a vingança de meus inimigos.
Jeremias realiza algo de notável e admirável. Ele não toma a iniciativa de se vingar com suas próprias mãos. Mas nos moldes da Teologia do Antigo Testamento pede a Deus que tome a peito a sua causa e o vingue de seus próprios inimigos.
Nós, neste final de quaresma, somos convidados a ultrapassar Jeremias, porque não só não pedimos a Deus a vingança sobre nossos inimigos, mas também não lhe pedimos mal algum, pelo contrário, Jesus nos manda a rezar e fazer o bem indiscriminadamente até com relação àqueles que positivamente urdiram no passado ou realizam no presente, projetos contrários à nossa pessoa.
Somente quando nós sairmos do nível da vingança e entrarmos no nível do perdão; e do perdão gratuito a todos, sem nenhuma exceção, seremos verdadeiramente filhos de Deus.
Porque? Porque então estaremos com a Sua Graça imitando exatamente o nosso Pai Celeste, porque Ele Deus consegue misericordiosamente seu perdão a todos os homens e mulheres pecadores e o faz, sobretudo nesta quaresma. Nesta quaresma pede a você e a todos os cristãos que O imitemos numa absolvição larga generosa e que abrace todos aqueles com os quais tivemos no passado, ou temos ainda no presente, algum contencioso ou alguma de pré julgamento, ou descriminação.
No evangelho João nos mostra como Jesus pode ser mal compreendido. Não dizem todos que o Cristo vem da Cidade de David, em Belém? Como pode Ele vir de Nazaré da Galiléia? As escrituras são claras; todos julgam saber muito a respeito de Jesus, mas ninguém sabe que Ele na verdade não veio nem de Nazaré, e nem de Belém, Ele veio do Pai.
Existe um conhecimento de Cristo que é puramente livresco, e não nos leva a uma intimidade com a Sua pessoa.
Nós somos convidados, neste final de quaresma, também superar este conhecimento meramente intelectual, em prol de um conhecimento espiritual, em prol de um conhecimento mais íntimo e fruto da nossa Oração e da nossa Meditação.   (*)
c / f Padre Fernando C. Cardoso