“AMAR SEM MEDIDA” É A LEI DO AMOR.

Quinta Feira
27ª SEMANA DO TEMPO COMUM

Não seria uma religião de seiscentos e treze preceitos a serem observados superior a outra que possui apenas dois? Esta superioridade do judaísmo com relação ao Cristianismo é apenas aparente. Na verdade, o Cristianismo é imensamente mais exigente do que o judaísmo.

Não se trata apenas de Amar a Deus, é preciso a cada momento, com cada pessoa, manifestar a mesma estima que Deus me tem. É preciso, com outras palavras, permitir que Deus ame o outro por meu intermédio.

Neste mundo Deus condiciona, por assim dizer, muitos dos Seus bens, das Suas dádivas e delicadezas à nossa responsabilidade. Um exemplo bem claro: se uma pessoa cair e se machucar, Deus diretamente neste mundo não a levanta, mas infunde o Amor e a Caridade para que eu, levantando aquela pessoa, ajudando-a concretamente, permita a Deus que, por meu intermédio, de maneira quase sacramental, visível, chegue ao outro; isto é muito mais profundo do que observar uma série enorme de preceitos que não envolvem diretamente os afetos mais profundos do Coração.

Santo Agostinho, meditando estas coisas, chegou a propor a lei suprema do Amor: “a medida do Amor é Amar sem medidas”. Podemos repetir e fazer nossa a afirmação de Santo Agostinho. Ama sem medidas aquele que permite a Deus Amar o outro através do seu Coração, através dos seus gestos educados, através de sua prontidão.

Quanto mais delicado você for para com uma pessoa, quanto mais paciente e misericordioso, mais você estará lhe revelando o verdadeiro rosto de Deus. Esta é a beleza do Cristianismo; ao contrário, quanto mais grosseiros formos com os outros, mais estaremos tornando opaco e difícil o seu caminho para Deus.

Como pode uma pessoa que recebe apenas grosserias dos demais aquilatar o Amor que Deus lhe tem? Neste mundo o Amor de Deus chega sempre sacramental e visivelmente por seu intermédio.

Eis nossa grandeza e, ao mesmo tempo, nossa imensa responsabilidade.(*)
c/f  Padre Fernando C.Cardoso