Terça Feira
5ª Semana da Pascoa
Jo.143,6-14
“Eu vos dou a Minha paz, deixo-vos a Minha paz” - diz-nos Jesus ressuscitado - “não como o mundo a dá”. Quem pronunciou pela primeira vez estas palavras foi alguém que se dirigia resolutamente à Sua Paixão, porque via naquele evento a vontade de Deus para a Salvação de todos os seres humanos. Desta forma, a Paz que Jesus nos deixa não é mera tranquilidade psicológica. A Paz que Ele nos lega não é muito menos do que qualquer perturbação deste mundo. A Paz que Ele nos consegue é a tranquilidade profunda que existe dentro dos nossos corações, desde que nossa confiança esteja totalmente depositada em Suas mãos. É claro que estas pessoas sofrerão dificuldades, porque por elas passamos todos que estamos neste mundo; é evidente que estas pessoas - juntamente com os que não crêem - não serão poupadas de qualquer sacrifício ou de qualquer dor. No entanto, até mesmo sacrifícios, dores e tribulações assumem um caráter redimensionado e se relativizam diante da Paz que pode reinar no íntimo de cada um. Exemplo de pessoa que - apesar do mar revolto na superfície - vivia intimamente em Paz com Deus e com a própria Consciência era São Paulo. São Paulo, na Segunda Carta aos Coríntios, elenca de maneira quase estóica os seus sofrimentos, um a um. Faltou apenas o último a que ele iria de encontro na Cidade de Roma - a espada, a decapitação, a morte. No entanto. São Paulo não vivia na ansiedade, não vivia com o Coração nas mãos, agitado no íntimo do seu próprio ser; ele estava tranqüilo, sossegado, tinha consciência de estar realizando uma tarefa que só podia levar a bom termo através da presença em si do Espírito de Jesus. Esta Paz de Cristo que reina em todo Coração que a Ele se dá é o Seu legado Pascal, o Seu presente. Jesus não deseja que você viva na ansiedade, no atropelo, com o Coração apertado nas próprias mãos, que você se desespere. Aconteça o que acontecer, no íntimo de quem crê está a Sua presença e por isto mesmo a Sua paz. Agradeçamos ao Cristo Ressuscitado que, já neste mundo – e apesar das agruras que sofremos - nos conduz por águas tranqüilas, apesar das ondas fortes e ameaçadoras na superfície.(*)c / c Padre Fernando C. Cardoaso
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