Jo.24,4653
Celebramos
neste Domingo com a Igreja do Brasil a solenidade da Ascensão do Senhor aos
céus. Na verdade, é o evangelista São Lucas nos Atos dos Apóstolos quem a
periodiza: quarenta dias após a Ressurreição. Os outros escritores todos
- e até mesmo São Lucas em seu Evangelho - conhecem a Ascensão ou a Glorificação
de Jesus no próprio dia de Páscoa.
Teologicamente
falando, a Ascensão é inseparável da Glória da Ressurreição: tendo Ressuscitado dentre os mortos, vencedor do pecado e da morte,
Jesus está na Glória de Deus e a Ressurreição O leva imediatamente à glória de
Deus.
Quando o
Ressuscitado apareceu, durante um período mais ou menos determinado, às testemunhas
pré-estabelecidas por Deus, não aparecia de qualquer lugar, aparecia da Glória onde se encontra à
direita de Deus. Mas, então, o que deseja o evangelista São Lucas comunicar-nos
quando nos diz que a Ascensão ocorreu quarenta dias após a vitória da Páscoa?
Na
verdade, lemos duas vezes um texto que fala sobre a Ascensão no dia de hoje: a primeira leitura, tirada dos Atos, e o
seu Evangelho. São Lucas deseja comunicar-nos o seguinte: após um período de aparições, Jesus Ressuscitado
Se separou definitivamente de nós - Ele não está mais nas coordenadas de
tempo e de espaço, Ele não se encontra mais aqui e não poderá mais ser visto
com os nossos olhos corpóreos em nenhum lugar deste mundo - Ele está na Glória
de Deus, à direita do Pai.
Neste
tempo que intercorre entre a Ascensão e o final da história - a Sua segunda
vinda em Glória quando todos O contemplarão - podemos buscar Jesus apenas nos
sinais sacramentais em que Ele Se deixa
encontrar: na Sua Palavra, na Sua Eucaristia, através do Dom do Espírito Santo
permanente na Igreja e em cada um de nós, na figura privilegiada do pobre e do
sofredor e nos outros sacramentos que a Igreja celebra em Seu nome.
Através
da Igreja e através do véu dos Sacramentos nós podemos novamente continuar a
comunicar-nos com Cristo no Espírito Santo. E, neste meio tempo, deixamos
de olhar para o Céu também - não no sentido de não nos preocupamos com as coisas
celestes - mas no sentido de não provocar novas visões ou novas
aparições.
Este
tempo que intercorre entre a Ascensão e o final da História é um tempo precioso
em que nós, movidos pelo Espírito Santo, nos tornamos testemunhas Suas, em
Jerusalém, na Samaria, na Judéia e nos confins do mundo.(*)
c / f Padre Fernando C. Cardoso
c / f Padre Fernando C. Cardoso
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