Quarta Feira da
OITAVA DA PÁSCOA
Lc.24,13-35
Hoje é São Lucas, o evangelista, que prende a nossa atenção. O texto é longo e muito conhecido; trata-se de uma velha e antiquíssima tradição de aparição de Jesus Ressuscitado. Há dois discípulos - não se sabe bem quem são; ao que tudo indica não fazem parte das testemunhas oficiais da ressurreição - Cléofas e seu companheiro anônimo.
De se
notar - e esta foi uma impressão profunda que me fez certa vez, numa palestra,
meu antigo reitor e professor, o Cardeal Carlo Maria Martini. Dizia ele que
estes dois discípulos recitavam com os lábios, quase à perfeição, o quérigma Cristão,
quando alguém, travestido de estrangeiro, lhes pergunta o que acontecera, com
efeito, naqueles dias em Jerusalém. Respondem que Jesus de Nazaré - homem de bem e famoso pelas suas palavras e pelos
sinais que realizava - fora capturado, julgado, condenado e executado. A
seguir, narram que algumas mulheres foram ao túmulo e ali teriam tido aparições
angélicas, porque voltaram pressurosas aos seus, dizendo que Ele não estava Morto,
e sim Vivo.
Estas
duas pessoas recitavam plenamente aquilo que é o núcleo do Mistério Pascal e,
no entanto, os seus Corações estavam tristes, resignados, completamente gelados
pelo sofrimento, porque recitavam o texto com os lábios, mas não o sentiam com
o Coração e, por isso, teve o forasteiro misterioso que aquecê-los internamente.
E assim
acontece com muitos de nós Cristãos, dizia o velho Cardeal: "Existem muitos Cristãos que recitam o
Credo com os lábios e a boca, mas não o mandam para dentro”. Se o quérigma Pascal
- o anúncio da Morte e Ressurreição de Cristo - não atinge o Coração, deixa-nos
absolutamente indiferentes, não nos modifica, não nos anima, não nos recria,
não nos torna pessoas novas, cheias de coragem, intrépidas e capazes de
anunciar por toda parte a vitória do Cristo Ressuscitado.
É preciso
que, através da Oração, nós supliquemos a Deus que mande para dentro, para o
íntimo dos nossos Corações, o que nós recitamos frequentemente apenas com os
lábios e, então, experimentaremos nós também a alegria, o gozo, a festa que
experimentaram aqueles dois, quando reconheceram - a partir do íntimo - o
Senhor Jesus na fração do pão.
A
assembléia eucarística dominical é um lugar apto a fazermos semanalmente esta
experiência. (*)
c /f Padre Fernando C. Cardoso
c /f Padre Fernando C. Cardoso
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