Segunda Feira
2ª Semana da Páscoa
Jo.6,22-29
É preciso
dizer que os escritores do Novo Testamento, no século primeiro, se viram às
voltas, cada um a seu modo, com a questão das obras que nós devemos realizar
com vistas à nossa Salvação.
Para o
Judaísmo, anterior ao Cristianismo, tudo era claro: Deus havia ordenado a Moisés aquilo que os Israelitas deveriam
realizar. De posse e conhecimento destes mandamentos eles, por sua
iniciativa, caminhavam no bem e, desta feita, se tornavam credores da Vida
eterna.
No
Cristianismo as coisas se passaram diferentemente. São Paulo, por primeiro, ao
que tudo indica, levantou esta bandeira, afirmando o primado da Fé sobre as
obras. “Nós dizemos - escreve ele - que
o homem é justificado diante de Deus não em base às suas obras, mas por causa
de sua Fé”. Enquanto São Tiago, numa outra perspectiva, afirma que a Fé sem
as obras é improdutiva, morta, o evangelista São João - que lemos neste Tempo
Pascal - dá o seu contributo a esta questão que agitou o Cristianismo das
origens: na verdade se trata de realizar obras, melhor, uma única obra - o
evangelista identifica a fé com a única obra que Deus espera de cada um de nós
- e esta contribuição de São João é uma contribuição feliz, porque a Fé é o
ponto de partida para o crescimento numa Vida de virtudes e de intimidade com
Deus.
A Fé é obra de Deus em nós, e não obra nossa, nenhum de nós
busca a Fé e a obtém com seus próprios meios e por sua própria iniciativa - ela
não é uma virtude moral que se conquista com esforço, perseverança, temperança,
castidade. Ou Deus ilumina a mente do
ser humano e ela se abre às realidades que escapam à nossa visão material, ou
simplesmente não possuímos a Fé. Ninguém se pode outorgar a luz da Fé, ela
é obra de Deus; porém, uma vez presente esta luz, nós podemos realizar aquilo
que agrada a Deus.
Este foi
o contributo do nosso evangelista. A única obra que Deus quer ver é a Sua obra,
mas não às custas de nos dispensar de qualquer sacrifício, renúncia ou opção. É
obra divina a Fé que nós recebemos agradecidamente com a nossa
responsabilidade, a partir da qual caminhamos a passos seguros no cumprimento
de Sua Vontade. (*)
c / f Padre Fernando C. Cardoso
c / f Padre Fernando C. Cardoso
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