Neste quinto domingo da Quaresma a Igreja nos
faz saborear um texto que se encontra atualmente no capítulo oitavo de João,
mas que deve ter uma origem diversa e bastante controvertida. Uma adúltera é
conduzida à presença de Jesus para que Ele pronuncie a sentença definitiva.
Aqueles guardiães da religião - oficiais de Israel,
fariseus e escribas - não toleravam que Jesus comesse e bebesse em casa de
pecadores. Não aceitavam que Jesus se intitulasse médico que veio para os que
estão doentes, não para os que estão com saúde. Não podiam aceitar que Jesus se
deixasse rodear por pecadores públicos, e que até mesmo afirmasse, certa vez,
que prostitutas e publicanos os iriam preceder no Reino dos Céus. Ei-los, que
trazem a Jesus uma pobre adúltera, surpreendida em flagrante adultério
O
posicionamento destes com relação à lei é formalmente correto, porém, dentro do
Coração, carregam ódio e não perdem uma oportunidade para tentarem Jesus, isto
é, desejam jogar Jesus contra a própria Lei de Deus. Desejam jogar Jesus contra
a Vontade do Pai.
Nós
somos hábeis em esconder nossos próprios pecados e,
muitas vezes, nos apressamos em condenar pobres pecadores que se vêem obrigados
a demonstrar publicamente os seus erros, deixando de levar em consideração que
eles, obrigados a mostrar sua culpabilidade, nada mais são do que a ponta de um
“iceberg”. Eles representam todos nós, porque somos todos pobres pecadores,
privados por natureza da Graça de Deus, e somos - ou queremos ser - objetos de
Seu Perdão e de Sua Misericórdia.
Jesus não foi naquele momento contrário à
Lei de Deus. A Lei deve ser observada; no entanto, quando a Lei é quebrada,
resta lugar apenas para a Misericórdia. Jesus
nunca confundiu o pecador com o pecado. Nunca foi conivente com nenhum
pecador no ato em que pecava. No entanto, misericordiosamente, era capaz de distinguir
entre um pobre miserável pecador que busca ou pede a Misericórdia a Deus, e o pecado
que deve ser condenado e afastado.
“Mulher, ninguém te condenou, Eu também não
te condeno. Vai, e não peques mais”. Santo Agostinho teve uma
intuição belíssima ao dizer que no final desta cena ficaram apenas dois: a
Miserável e a Misericórdia. (*)
c /f Padre Fernando C. Cardoso
c /f Padre Fernando C. Cardoso
Nenhum comentário:
Postar um comentário