Sexta Feira
5ª Semana da Quaresma
Jo.10,31-42
O Evangelho de São João - que normalmente se proclama neste final de
Quaresma e durante todo Tempo Pascal - passou por sucessivas redações.
Primitivamente, este Evangelho devia saltar do final do capitulo décimo ao
capitulo treze; com outras palavras: os capítulos onze e doze foram acrescentados
a ele mais tarde, numa redação segunda ou terceira.
Quem lê o final do capítulo décimo - sabendo
disto - e dele salta imediatamente para o capítulo treze - observando e obedecendo
à primitiva redação - percebe que neste final de capítulo - e é o que a Igreja
hoje nos mostra - Jesus Cristo, depois de uma discussão cerrada com a oposição,
se retira. Retira-se e não mais aparecerá em público. A próxima vez em que Ele
aparecer em público será quando, flagelado e coroado de espinhos, Pilatos o
mostrará à multidão com as famosas palavras: “Eis o Homem”, e todos gritarão: “Fora com Ele, crucifica-O”.
O texto evangélico que nos fala da última aparição pública de
Jesus - ao menos na leitura primitiva deste Evangelho - traz-nos a sua lição. A
graça de Deus persegue-nos durante toda a nossa vida. Jesus é aquele que, perseverante, bate à nossa porta constantemente.
Por quantos anos terá Ele batido em vão às portas
do meu Coração? Quanto tempo eu levei num inverno absoluto, gelado, com relação a Deus?
É possível que por ocasião de uma Quaresma - e nossa vida não deixa de ser uma
quaresma - a graça de Deus vença este gelo todo.
Mas existe um limite para tudo, e nosso limite último é o final da nossa
existência. Sabemos que naquele derradeiro dia terminará para nós o tempo
do merecimento e o tempo de nossa grande opção a favor de Deus ou contra Ele.
Há um tempo em que o Senhor não se cansa de bater à nossa porta e espera com paciência
infinita uma resposta que muitas vezes não vem ou é postergada,(= adiada ) mas este tempo conhecerá
um fim, como diz o apóstolo: cada um
colherá então aquilo que tiver semeado. Existem os que semeiam na carne e
os que semeiam no Espírito.
Tomemos cuidado para
não zombarmos de Deus, ou não pensarmos que a sua misericórdia é infinita.
Sobretudo não especulemos sobre ela.
(*)
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